Efeito do uso da terra na qualidade da água de riachos neotropicais em múltiplas escalas espaciais.

Abstract

Increased human activities are threatening watershed landscapes and water quality monitoring and multiscale analysis have become essential tools for water resource management. In order to evaluate the influence of land use on water quality at different spatial scales. Twelve low-order streams were selected in which limnological samplings (physical, chemical and biological) were carried out during the dry season. The water quality index was used, based on the quality standards of Canada and Brazil. The percentage of land use was measured at local scale and water network. The environmental variables were summarized through Principal Component Analysis (PCA) and subsequently used in the construction of Linear Models (lm) for each axis resulting from the PCA, using the percentage of land use classes and land slope. The presence of contamination by Lead, Chromium, Copper, Nitrogen and Escherichia coli was verified. It was found that the Canadian Water Quality Guidelines for the Protection of Aquatic Life (CWQG-PAL) were more effective in protecting aquatic ecosystems than the National Council for the Environment Resolution No. 357/2005 (CONAMA 357/2005), due to its constant, more rigorous and sensitive monitoring. Agricultural activities and those inherent to urban areas were the main responsible for the degradation of water quality. The negative impact of agriculture was observed both on a local scale and on the water network, while urban areas had a negative effect only on the water network scale. It was also found that forests on a local scale are associated with improved water quality. It emphasizes the importance of the multiscale approach in the management of watersheds and in public policies, which should consider not only forest preservation on a local scale, but also human activities throughout the watershed. It is recommended the need for a reformulation of CONAMA Resolution No. 357/2005 with a methodology applied to conservationism and holistic, as well as the importance of public policies and changes in the law of the Brazilian Forest Code on areas of permanent preservation.

O aumento das atividades humanas ameaça as paisagens das bacias hidrográficas e o monitoramento da qualidade da água e as análises multiescala têm se tornado ferramentas essenciais para a gestão dos recursos hídricos. Com o objetivo de avaliar a influência do uso da terra na qualidade da água em diferentes escalas espaciais. Foram selecionados 12 riachos de baixa ordem nos quais foram realizadas amostragens limnológicas (físicas, químicas e biológicas) durante o período de estiagem. Utilizou-se o índice de qualidade da água, com base nos padrões de qualidade do Canadá e Brasil. Mediu-se a porcentagem de uso da terra em escala local e rede hídrica. As variáveis ambientais foram sumarizadas por meio da Análise de Componentes Principais (PCA) e posteriormente utilizadas na construção de Modelos Lineares (lm) para cada eixo resultante da PCA, utilizando a porcentagem das classes de uso da terra e declividade do terreno. Constatou-se a presença de contaminação por Chumbo, Cromo, Cobre, Nitrogênio e Escherichia coli. Constatou-se que as Diretrizes Canadenses de Qualidade da Água para a Proteção da Vida Aquática (CWQG-PAL) foram mais efetivas na proteção dos ecossistemas aquáticos do que a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente N° 357/2005 (CONAMA 357/2005), devido ao seu monitoramento constante, mais rigoroso e sensível. As atividades agropecuárias e aquelas inerentes às áreas urbanas foram as principais responsáveis pela degradação da qualidade da água. Observou-se o impacto negativo da agropecuária tanto em escala local quanto na rede hídrica, enquanto as áreas urbanas tiveram o efeito negativo somente na escala de rede hídrica. Constatou-se também que as florestas em escala local estão associadas a melhoria na qualidade da água. Ressalta-se a importância da abordagem multiescala na gestão de bacias hidrográficas e nas políticas públicas, que deve considerar não apenas a preservação florestal em escala local, mas também as atividades humanas em toda a bacia hidrográfica. Recomenda-se a necessidade de uma reformulação na Resolução CONAMA Nº 357/2005 com uma metodologia aplicada ao conservacionismo e holística, bem como, a importância de políticas públicas e mudanças na lei do Código Florestal Brasileiro sobre as áreas de preservação permanente.